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domingo, 20 de novembro de 2011

Metrô


Entre 1938 e 1941, os passageiros do metrô de Nova York, com raras exceções, não notaram quando Walker Evans (1903-1975) fez uma série de retratos com uma câmera Contax de 35 mm escondida sob o casaco. Um dos desafios de Evans era imaginar que certas pessoas estavam corretamente enquadradas no momento em que batia a foto usando um cabo disparador  Em suas incursões subterrâneas, Bruce Davidson não escondia o que estava fazendo, o flash o denunciava instantaneamente. Documentando uma realidade sombria e degradante do metrô de Nova York nos anos 80, Davidson comparava o vagão de metrô como sendo a besta, e fotografar o seu interior era perigoso e, sobretudo, belo  Vivendo há cinco anos na China, as imagens do fotógrafo francês Gilles Sabrié têm uma intensidade própria. No metrô de Pequim, os rostos dos passageiros aparecem refletidos, expressão de uma sociedade que transcende os novos hábitos e a tradição a um só tempo  Até revelar os filmes ou ajustar o contraste das imagens, Walker Evans, Bruce Davidson e Gilles Sabrié não tinham a noção exata do que haviam registrado – a experiência da primeira visão foi para eles um momento mágico. 
Fotografias: © Walker Evans (Metrô, Nova York, 1938, The Metropolitan Musem of Art / Geoff Dyer, O instante contínuo, tradução Donaldson M. Garschagen, Companhia das Letras, 2008) / © Bruce Davidson / Magnum Photos (Metrô, Nova York, 1980 / Magnum Stories, Phaidon, 2004) / Foto cortesia de © Gilles Sabrié (Metrô, Line 1, Pequim, 2006 / Link Gilles Sabrié)