Páginas

terça-feira, 5 de março de 2013

Indumentária


A vida do cavaleiro medieval, apesar dos códigos de honra, transcorria num clima de violência e de disputas. A guerra, seu objetivo permanente, lhe proporcionava lucro (saque) e glória pessoal (coragem). O cinto ou cinturão do cavaleiro adquiriu um variado simbolismo porque era usado não só para manter juntas as peças de roupa (daí um emblema da castidade feminina), mas também para carregar armas e outras coisas. Com a invenção da pólvora, a armadura perdeu sua função de proteção Foto de um samurai, atribuída a Felice Beato (1832-1907), um dos primeiros fotógrafos estrangeiros a trabalhar no Japão – de 1862 a 1885, destacando-se por extenso documentário e a sua técnica de pintura à mão. Embora a história dos samurais possa parecer violenta, ela operava precisamente numa modulação delicada da consideração pelo próximo. O Hagakure, um livro de ensinamentos éticos, famoso manuscrito ditado pelo samurai Jocho Yamamoto e reinterpretado pelo escritor Yukio Mishima (1925-1970), traz também instruções de ordem prática: "Pode acontecer que, ao despertar de ressaca, a nossa cor seja má. Nessas ocasiões, devemos aplicar o ruge" Traje de toureiro da alfaiataria Fermín, em Madri, representante de uma clientela de matadores como Luis Miguel Dominguín e Sebastián Castella. "Escrito em 1961 para o documentário O esporte e os homens, do canadense Hubert Aquim, o pensador francês Roland Barthes faz um retrato psicológico e poético de esportes como a tourada: Coragem, ciência e beleza, eis o que o homem opõe à força do animal, eis a prova humana, cujo prêmio será a morte do touro. Assim, o que a multidão glorifica no vencedor, atirando-lhe flores e presentes, que ele graciosamente retribui, não é a vitória do homem sobre o animal, pois o touro é sempre vencido; é a vitória do homem sobre a ignorância, o medo, a necessidade. O homem ofereceu sua vitória em espetáculo para que ela se tornasse a vitória de todos aqueles que o veem e se reconhecem nele" Terno de feltro, obra do artista alemão do pós-guerra, Joseph Beuys (1921-1986). Original e polêmico, dava preferência a materiais pouco estéticos, como a gordura e o feltro, a sua maneira provocante de evitar a forma e a beleza convencionais em suas criações. Beuys foi duramente criticado por sua obra supostamente tão esquisita. "Bastou que o artista morresse para que o julgamento que dele se fazia fosse reformulado." 
Armadura Medieval (Nuremberg, c.1525, coleção Metropolitan Museum of Art / Antonio Carlos do Amaral Azevedo, Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos, Nova Fronteira, 1990) / Foto © Felice Beato (Samurai, Japão, c. 1863-68 / Yukio Mishima, Hagure Nyumon, 1967 / Hatje Cantz) / Foto autor desconhecido (Fermín, Madri / Roland Barthes, O esporte e os homens, tradução André Telles, revista Serrote # 3, IMS) / © Joseph Beuys (Terno de feltro, 1970 / Tate Gallery / Wilfried Wiegand, revista Humboldt # 52)