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domingo, 18 de novembro de 2012

Mapas









Dois grupos primitivos desenvolveram uma ciência da orientação e da geografia que só recentemente foi superada pela cartografia ocidental. São eles os esquimós e os navegantes dos Mares do sul. Os esquimós são capazes de desenhar mapas utilizáveis, que às vezes cobrem territórios de mais de seiscentos ou oitocentos quilômetros em uma dimensão. De modo semelhante, os navegadores das ilhas, no Pacífico, tinham um sistema complexo de direções de navegação que era criteriosamente associado a constelações, ventos, correntes, posições do sol e direções das ondas. Por outro lado, os nativos africanos, de hábitos agrícolas sedentários, perdem-se facilmente em suas próprias florestas ● Em seu livro Maps, a designer gráfico Paula Scher apresenta ensaio sobre a influência de seu pai, um engenheiro que trabalhava com fotografia aérea para o serviço Geológico dos EUA. Na década de 1950, ele inventou um dispositivo de medição que corrigia distorções da lente quando a fotografia era ampliada para impressão dos mapas, ensinando-lhe algo concreto: cartografia não tem valores precisos. Em 1990, Scher começou a pintar mapas de seu ponto de vista, usando a tipografia como elemento plástico, obsessivamente detalhado, que evidencia as linhas de fronteira das cidades, países e continentes ● O cartaz com mapa para o concerto no Cypress Metairie, em Los Angeles, revela o traço criativo dos designers alemães Rocket&Wink. Rocket é um cientista invisível dotado de um cérebro bastante complexo, suas criações inimagináveis conseguem, não se sabe como, penetrar nossos olhos. Wink tira suas ideias dos livros que ele encomenda on-line. Suas identidades são desconhecidas pelos cidadãos em geral e pelas autoridades, o que não impede a dupla Rocket&Wink de ganhar todos os prêmios do segmento: Airbrush Top 200, ADC (Cannes), Eurobest, Red Dot, Clio e New York Festivals ● Inspirado no diagrama gráfico de Henry Beck (1903-1974) para o metrô de Londres, que mostra a relação espacial entre as estações e não as distâncias geográficas entre elas, o designer japonês Yuri Suzuki criou um mapa que mostra as linhas e estações usando uma placa de circuito de rádio. Cada componente do circuito, incluindo alto-falante e bateria, representa marcos da estrutura do metrô, e permite ao observador compreender como a energia elétrica é gerada e transformada em energia sonora. Formado pelo Royal College of Art, em Londres, Yuri Suzuki vem desenvolvendo projetos que visam desmistificar aparelhos eletrônicos de consumo.
(Kevin Lynch, A imagem da cidade, tradução Jefferson Luiz Camargo, Martins Fontes, 1999) / Design © Paula Scher (livro Maps, Princeton Architectural Press, 2011) / Design cortesia © Rocket&Wink (cartaz Cypress Metairie, LA / Link Rock & Wink) / Design cortesia © Yuri Suzuki (London underground circuit maps / Fotografia © Hitomi Kai Yoda / Link Yuri Suzuki)