Páginas

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Amarrados


Amarrada até o pescoço. A propaganda para as lãs Pingouin, criada em 1965, é uma lembrança do tempo em que as mulheres ainda tinham tempo para trabalhos com a agulha. Por incorporar ideias de atar e desatar, capturar e soltar, o simbolismo do nó é muito complexo. O nó górdio, por exemplo, ao cortá-lo, Alexandre, o Grande, encontrou uma solução de curto prazo, mas nunca completou a conquista da Ásia prevista para o homem que conseguisse desatá-lo. A lição moral que o budismo retirou desse incidente foi de que é a paciência, não a violência, que desembaraça os nós Cartaz projetado pela agência de publicidade Wien Nord para o This Human World, festival de cinema da Áustria, evento dedicado exclusivamente a filmes nacionais e internacionais sobre direitos humanos, em parceria com o Ludwing Boltzmann Institute of Human Rights. Composto de duas peças, cartaz e lacre de plástico, esse pôster foi amarrado nas grades e estruturas de ferro nas calçadas – a superfície não-oficial para fixação de cartazes na cidade de Viena  "Business as Usual", obra iconográfica de Lou Brooks. Ilustrador e designer gráfico, sua arte em quadrinhos foi publicada durante dez anos na Playboy, que alcançou o status de cult. Brooks teve também uma grande atuação na criação de capas para as revistas Time e Newsweek. Entre seus projetos mais conhecidos estão o logo para o Jogo Monopólio, redesenhado em 1985, os livros Skate Crazy: Graphics from the Golden Age of Roller Skating (Running Press), Twimericks: The Book of Tongue-Twisting Limericks (Workman Publishing) e o Museum of Forgotten Art Supplies, que reúne mais de 500 imagens de artefatos das artes. Uma coleção capaz de embasar discussões entusiasmadas, já que, com tanta tecnologia disponível, alguns objetos não são mais fabricados, outros foram caindo em desuso. Imaginemos por um instante, um mundo sem lápis com uma borracha macia na ponta  It Was Once a Paradise, livro de fotografias por Nobuyoshi Araki, conhecido internacionalmente pelo conteúdo erótico de suas imagens – mulheres amarradas por cordas (kinbaku), nuas ou trajando um quimono de seda. As modelos, às vezes, estão acompanhadas de miniaturas de dinossauros e répteis da coleção do fotógrafo. Araki começou a trabalhar na década de 1960 fotografando o submundo urbano de Tóquio. Seu trabalho ganhou notoriedade a partir de 2005 e da primeira mostra em Londres, na Barbican Art Gallery. Sexo e morte são temas constantes na obra de Nobuyoshi Araki – até mesmo quando fotografa flores. 
Anúncio Lãs Pingouin (Francisco Gracioso e J. Roberto Whitaker Penteado, Propaganda Brasileira, Mauro Ivan Marketing Editorial, 2004 / Jack Tresidder, O grande livro dos símbolos, tradução Ricardo Inojosa, Ediouro,2003) / Wien Nord (cartaz Tied up, This Human World, Viena, 2009. Design © Eduard Böhler e © Edmund Hochleiter. Fotografia © Gregor Ecker. Links Wien Nord) / © Lou Brooks ("Business as Usual", díptico, acrílico sobre tela 24"W x 36"H. Coleção particular. Reprodução gentilmente cedida pelo artista. Todos os direitos reservados. Link Lou Brooks) / © Nobuyoshi Araki (capa It Was Once a Paradise, Reflex, 2011. Link Nobuyoshi Araki / Juliet Hacking,Tudo sobre fotografia, tradução Fabiano Morais, Fernanda Abreu e Ivo Korytowski, Sextante, 2012)