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domingo, 29 de setembro de 2013

Coisas nas bocas


Cartaz comemorativo dos 50 anos dos Rolling Stones, por John Van Hamersveld, artista gráfico e ilustrador, autor do livro 50 Years of Graphic Design (Gingko Press, 2013). Van Hamersveld projetou capas para bandas como The Beatles, Grateful Dead, The Beach Boys, Jefferson Airplane, Blondie e The Rolling Stones: o impacto e o legado duradouro da famosa capa do álbum Exile On Main Street (1972), layout e design de Van Hamersveld, composta de fotos de figuras bizarras, e reproduzidas por Norman Seeff, foram incorporadas de uma maneira extremamente simbólica, seguindo a linha "e nós é que somos esquisitos?", conceito criado pelo fotógrafo Robert Frank. E a música? Segundo o crítico David Hutcheon, nem tudo o que se ouve falar do disco é verdade, mas é melhor acreditar na lenda. Os Stones nunca mais seriam tão bons  O cartaz End Bad Breath, de Seymour Chwast, co-fundador dos Push Pin Studios e diretor do The Pushpin Group, uma xilogravura retratando o Tio Sam de boca bem aberta, mostrando aviões bombardeando o Vietnã, "expressava de forma eloquente a criminosa e banal política norte-americana no sudeste da Ásia." Chwast sempre agiu politicamente de maneira consciente, participou ativamente das manifestações a favor do desarmamento nuclear, dos protestos contra a guerra do Vietnã e apoiou o Movimento dos Direitos Civis. Em 1983, foi eleito para o Hall of Fame do New York Art Directors Club  Capa de Sidewalk, o primeiro livro de Jeff Mermelstein, vencedor do Prêmio European Publishers de fotografia em 1999. Mermelstein transmite seu entusiasmo pela cidade de Nova York por meio de seus habitantes, um comentário visual inteligente da dinâmica da metrópole. Como todo artista, o trabalho de Mermelstein engloba a influência de outros fotógrafos, Winogrand, Arbus, Friedlander, Weegee, Eggleston, experimentando, como eles, abordagens intuitivas da paisagem urbana. Filho de sobreviventes do Holocausto que imigraram para os Estados Unidos em 1947, Mermelstein estudou biologia; poderia ter sido dentista, como desejava sua mãe. A fotografia profissional, por sua vez, não foi uma escolha e sim uma certeza  Um índio de chapéu alto e o título May the baby Jesus shut your mouth and open your mind, propaganda de "cigarros" encontrada em um banheiro público em São Francisco, a cidade da contracultura dos anos 60, da qual participava o jovem produtor Chet Helms (1942-2005), fundador da Family Dogs Productions. As drogas eram legais na Califórnia até 1966, e sua influência na percepção, era simulada no trabalho gráfico por meio de cores vibrantes, letras ilegíveis e ilustrações antigas. Para promover os concertos de rock do clube de dança The Family Dog, a pedido de Helms, os artistas gráficos e designers Wes Wilson, Victor Moscoso, Stanley Mouse, Rick Griffin e Alton Kelley imprimiram a imagem do índio em seus  cartazes psicodélicos  "Eu tive um professor humilde e inteligente até as tripas. Me contou certa manhã, de forma tímida, que ao chegar em casa horas depois de lecionar, escondia-se no recanto de sua biblioteca (feito um fantasma), retirava da pasta de textos alguns trabalhos e, conscientemente, os comia. O mestre, sob os efeitos do tema da assertiva do colegiado, terminava seu apólogo de boca cheia: - Tudo cópia, tudo!" Giuliano Quase
© John Van Hamersveld (cartaz Exile, 2012. Reprodução gentilmente cedida pelo artista. Link John Van Hamersveld) / © Seymour Chwast (cartaz End Bad Breath, 1968. Reprodução gentilmente cedida pelo designer / Steven Heller, Linguagens do design: compreendendo o design gráfico, tradução Juliana Saad, Edições Rosari, 2007. Link The Pushpin Group) / © Jeff Mermelstein (capa Sidewalk / Foto New York City, 1992 / Dewi Lewis Publishing, 1999. Reprodução gentilmente cedida pelo fotógrafo. Link Jeff Mermelstein) / © The Family Dog (Richard Hollis, Design Gráfico, uma história concisa, tradução Carlos Daudt, Martins Fontes, 2001. Link The Family Dog) / © Giuliano Quase (Farofada / miniconto. Link Noturno Citadino). Todos os direitos reservados.